Catar apela à comunidade internacional para que se evite "genocídio" em Rafah

por Cristina Sambado - RTP
AFP

O Catar apelou à comunidade internacional para que atue no sentido de evitar um “genocídio” em Rafah, perante a ameaça de uma ofensiva do exército israelita contra a cidade. Esta quarta-feira, as Forças de Defesa de Israel anunciaram a reabertura da passagem de Kerem Shalom para permitir a entrada de ajuda humanitária.

O Estado do Golfo, que é mediador nas negociações de tréguas entre Israel e o Hamas, apelou, em comunicado, a uma “ação internacional urgente para evitar que a cidade seja invadida e que seja cometido um crime de genocídio”.

O exército israelita intensificou os ataques aéreos esta quarta-feira em vários sectores da Faixa de Gaza, nomeadamente em Rafah, onde já tinha colocado tanques na terça-feira e tomado o controlo do posto fronteiriço com o Egipto.
Doha “condena firmemente” o bombardeamento da cidade [Rafah], cujos bairros orientais foram abandonados por dezenas de milhares de famílias, na sequência de um apelo das autoridades israelitas, antecipando uma eventual operação terrestre.
"O Estado do Catar condena nos termos mais veementes o bombardeamento da província de Rafah pelas forças de ocupação israelitas, a invasão da passagem fronteiriça e a ameaça de deslocar cidadãos de abrigos e alojamentos", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

Doha apela ainda a "que seja dada proteção total aos civis, em linha com o Direito Internacional e o Direito Humanitário".

O Catar considerou que "a deslocação forçada de civis da cidade de Rafah, que se tornou o último refúgio para centenas de milhares de pessoas deslocadas na Faixa de Gaza, constitui uma violação grave do Direito Internacional e aprofundará a crise humanitária na região".Rafah tem sido um canal para a ajuda humanitária desde o início da guerra e é o único ponto por onde as pessoas podem entrar e sair do enclave. Israel controla atualmente todos os postos fronteiriços do território palestiniano.

Por último, reiterou a "posição firme" das autoridades do Catar em apoio à "justiça na causa palestiniana, aos direitos legítimos do povo irmão palestiniano e ao estabelecimento de um Estado palestiniano independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital".

O apelo surge numa altura em que mediadores do Egito, Catar e norte-americanos mantêm conversações no Cairo com vista a um cessar-fogo e à libertação dos reféns detidos em território palestiniano.
Israel reabre passagem de Kerem Shalom
O exército israelita anunciou esta quarta-feira a reabertura da passagem de Kerem Shalom para permitir a entrada de “ajuda humanitária” na Faixa de Gaza, quatro dias depois de ter sido encerrada na sequência de ataques com rockets na zona.

Os camiões provenientes do Egito que transportam ajuda humanitária, incluindo alimentos, água, abrigos, medicamentos e material médico doados pela comunidade internacional, já estão a chegar ao ponto de passagem”, declarou o exército em comunicado.

Depois de inspecionada, a carga será “transferida para o lado de Gaza da passagem”, acrescentou o comunicado, frisando que a passagem de Erez, a norte do pequeno território palestiniano bombardeado e sitiado por Israel, “continua a funcionar para facilitar a entrada de ajuda humanitária”.

A reabertura de Kerem Shalom, a sul da Faixa de Gaza, surge num contexto de críticas norte-americanas.
Para a Administração norte-americana, é “inaceitável” que Israel feche este importante ponto de entrada de ajuda à Faixa de Gaza, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária, bem como a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.

Na terça-feira, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmaram ter voltado a disparar rockets “contra uma concentração de tropas” nas imediações de Kerem Shalom. Três dias antes, os foguetes disparados pelas brigadas Qassam contra Kerem Shalom mataram quatro soldados israelitas e feriram cerca de dez, levando Israel a encerrar esta passagem vital.

Segundo a ONU, 1,4 milhões de palestinianos, entre residentes e deslocados, estão amontoados em Rafah, a alguns quilómetros de Kerem Shalom, e as autoridades israelitas ordenaram a retirada de dezenas de milhares de famílias dos bairros orientais da cidade, antecipando uma eventual operação terrestre.

c/ agências internacionais
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